Fumo Sem Fogo

Sempre achei o Miguel Sousa Tavares uma figura interessante e partilho mesmo grande parte das posições e gostos dele. Penso que é um homem invulgarmente inteligente, culto e corajoso. E é isso que me leva hoje a escrever sobre ele, caso contrário não teria o denodo de o fazer.
Nunca embarquei nas falanges que o adulavam quando se encontrava na crista da onda – nem tive sequer interesse particular em ler algum dos seus romances. Isso não me fez, porém, diminuir em nada o respeito que sempre nutri por ele enquanto pessoa e jornalista.
E é por isso, também, que não me vou agora atirar ao homem, ao murro e ao pontapé, só porque se pôs a jeito e se encontra caído e à mercê.
Ninguém consegue evitar totalmente um momento aziago, nem deixar-se cair em tentação uma vez que seja na vida. Todos temos desafios com resultados menos felizes e o Miguel Sousa Tavares teve com o programa Sinais de Fogo o seu também.
Desconheço a quota de responsabilidade que tem na concepção e produção do programa, mas imagino que não seja pouca. Por isso, é a ele que não posso deixar de imputar a culpa de tão decepcionante resultado.
Está à vista de todos – e o consenso nos múltiplos comentários na web tornam isso muito evidente – que Sinais de Fogo é um retumbante fracasso. Um flop em toda a linha.
O formato do programa é simplório e demasiado visto, os temas bombasticamente anunciados são abordados ao de leve, as entrevistas, para além de mal preparadas, são abertamente tendenciosas, e, pior do que tudo, o Miguel Sousa Tavares não tem jeito nenhum para desempenhar o papel que um programa como estes exige!
Tão mau, que duvido aguente muito mais tempo no ar – a menos que a teimosia tão característica em MST o leve a vestir a pele de D. Quixote e continue a ver gigantes onde todos só vêm moinhos.

17 comentários»

  cesar figueiredo wrote @

gosto da pagina 🙂

  Tiago Coen wrote @

Obrigado! Eu também!
😉
Há que melhorar, ainda assim!
Abraço!

  maria ferreira wrote @

Concordo consigo no 1ºparágrafo,mas discordo plenamente no resto.
Acho um Senhor em tudo que se mete,e pouca gente neste País,sabe dar luta e fazer
cheque-mate.
Adoro Miguel Sousa Tavares,é um grande profissional e um grande escritor.
Nunca percebi porque estão sempre contra ele, será por ser tão bom no que faz???

  Tiago Coen wrote @

Cara Maria Ferreira, é a sua opinião – quem sou eu para a contrariar?
Aqui deixa-se as pessoas formularem as suas opiniões. Não creio é que o mesmo aconteça no programa Sinais de Fogo, não lhe parece isso evidente?
Não é a pessoa de MST que coloco em causa, como escrevo no artigo, antes o cariz de todo o programa. Cada um deve fazer aquilo que faz de melhor e não se meter em campos que não domina. E definitivamente o MST não tem as qualidades que um programa como aquele exige.
Quanto às pessoas serem “todas contra ele”, não posso deixar de considerar esse facto algo bizarro, quando há não muito tempo eram “todas a favor dele”!…
Talvez que ele se tenha posto a jeito – como o MST gosta tanto de dizer.
😉

  maria ferreira wrote @

Chego á conclusão que neste País somos todos inimigos uns dos outros.
Ninguem sabe onde está a verdade nem onde está a mentira,e se o próprio fogo já não tem fumo ou vice versa…

  Tiago Coen wrote @

Só não sabe onde está a verdade, quem não a quiser, ou não a conseguir, enfrentar.
Pelo meu lado, garanto-lhe que não há ninguém que queira ter por inimigo, mas da mesma forma lhe asseguro que não são poucas as pessoas que eu nunca teria por amigo.
😉

  jose artur campos wrote @

Muito, muito mais teria a dizer sobre o “Fumo sem Fogo” (ou depois do advento da pólvora branca) “Fogo sem Fumo”, mas basta lembrar a MST que, como caçador que é, ou gostaria de ser, não se atira a um coelho ou uma lebre “alapados” ou a uma perdiz “no chão”!!
Convidar alguém para um programa(?) de TV, que não pode falar e ainda por cima “agredi-lo” com aquela ferocidade, não é “fair”, não é bonito!
Seria “vingança” da tareia que levou na 2ª parte da entrevista a Sócrates???
Não se bate a um homem que está caído no chão e que ainda por cima está proibido de se defender. Lembra o “bulying” de que tanto se fala.
Francamente, MST, foi o 2º e último programa seu que vi!!!

  Tiago Coen wrote @

Não foi bonito de se ver, não senhor!…

  Luíza wrote @

Ao contrário de ti, tive o desprazer de ler Equador e Rio das Flores. Como escritor ele derrama um inominável desfile de clichês,

Um homem que usa tal corte de cabelo… mais um clichê!

O grande problema filosófico é o conceito do absurdo. Existem sempre duas histórias que podem ser contadas sobre nós. Essas histórias nunca se encaixam de forma coerente e sensata. No caso do senhor em questão a história interior e a exterior não batem.

Quem escreve mal só serve mesmo para apresentador de programas ruins. Com audiência, é claro. Se ele levou a Maitê Proença, deve levar o resto.

  Mário Cipriano wrote @

Concordo com o autor deste texto na sua quase totalidade. MST já teve a sua oportunidade há uns anos atrás com a apresentação do jornal da noite. Um fiasco. A sua voz monocórdica e a sua ausência de presença indicaram-lhe a porta de saída. Este “Fumo sem Fogo” vem sublinhar que a presença dele nas televisões não é “atrás do balcão”, mas sim como pontual comentador. Sem prejuízo de o achar uma figura interessante e, ao contrário de algumas pessoas que comentaram este texto, ter gostado imenso dos livros que escreveu.

  Tiago Coen wrote @

Sem dúvida que o Miguel Sousa Tavares não tem o perfil para apresentador principal de um programa televisivo. Ele é um homem da palavra escrita, não da falada.
E porque o considero um homem inteligente, não posso deixar de ficar perplexo por não ser ele o primeiro a reconhecê-lo…
Será o patamar da fama que o inebria?
Quanto à escrita, sempre li com interesse as crónicas dele e as múltiplas reportagens que foi fazendo – era mesmo um dos leitores assíduos da revista Grande Reportagem de que ele foi director. Livro é que não li nenhum!… Não sei bem porquê, mas nunca senti esse apelo. Talvez por pressentir a possibilidade de uma enorme desilusão. Agora que os olhares sobre a sua escrita perderam o enfoque e o deslumbramento iniciais talvez seja o momento certo para o fazer.

  maria ferreira wrote @

Pois eu defendo Sousa Tavares, acho que tem uma voz linda de Macho, uma figura de uma beleza rara num homem, e um charme indiscrítivel!!!
Para além disso tudo, é um homem inteligente, culto e de uma sensibilidade que arrasa qualquer coração sensível.
Quem nunca o leu, recomendo «NÃO TE DEIXAREI MORRER DAVID CROCKETT», «SUL«, e «NO TEU DESERTO».
Um abraço.

  joana alla bolognese wrote @

Acho que deveria ser assim:
«Pois eu defendo Sousa Tavares, é um homem inteligente, culto e de uma sensibilidade que arrasa qualquer coração sensível.
Para além disso tudo, acho que tem uma voz linda de Macho, uma figura de uma beleza rara num homem, e um charme indiscrítivel!!!»

  Maria wrote @

Nas duas entrevistas que vi, não parecia o mesmo… Numa foi entrevistador e deixou que o homem vomitasse a lição que trazia bem estudada, aliás, sempre a mesma! Achei que não se sentiu muito à vontade, ou foi impressão minha! Na segunda, não sei qual o papel que lhe foi reservado, mas que não deu hipoteses ao entrevistado de se explicar, não deu! Falou ele, insinuou, enfim! Disse o que entendeu por bem dizer e pronto! O desgraçado nunca teve tempo para acabar o raciocinio, constantemente interrompido… depois o programa ia acabar! Não havia tempo!

  maria ferreira wrote @

Por norma,1ºvejo a embalagem,e depois o
conteúdo!!!

  joana alla bolognese wrote @

Certo!
Mas, depois de consumido, penso que a ordem de valores se inverte.

  maria ferreira wrote @

Sem dúvida,estou de acordo consigo.
Até porque basta olhar para ele e topa-se logo o conteúdo,é uma espécie de 2 em1.Ou se calhar de 3 em1.


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